9/22/2018

The L Word



Foram encomendados 8 episódios para a nova temporada que estreará no final de 2019, segundo informações oficiais do canal Showtime.

As primeiras notícias da realização de um reboot por parte do canal Showtime, surgiram em 2017, confirmando que trariam de volta Bette, Shane e Alice (não havendo confirmação, na altura, de mais personagens a voltar da série antiga).

Falou-se na possibilidade de ignorar a última temporada, devido ao desagrado dos fãs com a mesma, e de iniciar o reboot após a penúltima temporada, portanto. Falou-se, também, na importância em mostrar as diferenças entre a geração atual e a antiga.

As únicas informações confirmadas foram o regresso da série, o número de episódios da nova temporada, a estreia prevista para finais de 2019 e, em jeito de sinopse, que as antigas personagens que regressaram para este revival vão contracenar junto a uma nova geração de personagens LGBTQI, passando por experiências amorosas, desgostos, sexo, obstáculos e sucessos em Los Angeles.


Editado a 01/02/2019



The L Word | 2004 - 2009 | 6T | 70E | Showtime | Criada por: Michele Abbott, Ilene Chaiken, Kathy Greenberg




Sinopse: "The L Word" acompanha as vidas e os amores de um grupo de lésbicas que vivem em Los Angeles. A personagem principal, Jenny (Mia Kirshner), é recém-formada pela Universidade de Chicago, e muda-se para LA para morar com seu namorado, Tim (Eric Mabius). A vida de Jenny dá uma reviravolta quando ela conhece as vizinhas Bette (Jennifer Beals) e Tina (Laurel Holloman), um casal que está prestes a dar o próximo passo e começar uma família, após estarem juntas há sete anos. Numa festa, Jenny encontra Marina (Karina Lombard), a dona de um café local e, de repente, começa a questionar a sua própria sexualidade. O resto do grupo inclui Dana (Erin Daniels), uma jogadora de ténis profissional, Alice (Leisha Hailey), uma jornalista, Shane (Katherine Moennig), cabeleireira que não perde uma oportunidade para conquistar mais uma mulher, e Kit (Pam Grier), meia-irmã de Bette que luta contra o alcoolismo.



Um clássico das séries lésbicas, que provavelmente a maioria das "filhas de sapho" conhecerá e já terá visto. Estreou em 2004 e teve 6 temporadas, tendo acabado em 2009 com um total de 70 episódios. Um verdadeiro marco na representatividade lésbica, numa altura em que provavelmente não havia mais nada do género.

Passou na televisão portuguesa, inclusive recordei-me agora de ouvir uma amiga a contar que a prima (heterossexual) via na altura em que começou a passar e a mãe tendo-se deparado com tal cenário perguntou horrorizada "que estás tu para ai a ver??" ao qual obteve a simples resposta: "lésbicas." 😂

Apesar de ter ouvido falar antes, só vi esta série no meu primeiro ano de faculdade (2013), na sala de minha casa com o computador virado para a parede, sempre com o cuidado de a minha mãe (ao contrário da mãe da prima da minha amiga) ou qualquer outro familiar não se deparar com o mesmo cenário.  😔

É claro que ninguém gosta de ver filmes/séries que possa conter qualquer cena sexual à frente dos pais, mas quando se trata de séries/filmes LGBT, mesmo que todas as cenas sejam completamente inocentes, há sempre aquele receio de sermos "apanhados" quando ainda estamos no "armário" e por vezes mesmo depois de lá termos saído. Por medo de incompreensão ou, por vezes, consequências bem mais graves como acontece a alguns jovens que são expulsos de casa devido à homofobia dos pais.


Tendo visto a série já há alguns aninhos, recordo-me de muito pouco. Lembro-me de não ter gostado da última temporada, nem de ter gostado da maneira como foram "evoluindo" a personagem Jenny que era a minha preferida na 1ª temporada e que acabou por se tornar insuportável. Lembro-me que nos primeiros tempos aparecia sempre uma cena antes da intro em que estava presente uma crítica social, cenas de grande qualidade e importância que acabaram por desaparecer. Lembro-me de não perceber porque é que "toda a gente" tinha uma crush na Shane e de achar que a representatividade bissexual da série deixava muito a desejar... Nomeadamente no que toca às personagens Jenny, Tina e Alice. 

Alice, que seria a única personagem assumidamente bissexual desde início, acabou a série a dizer que era lésbica em pleno tribunal, não sem antes ter proferido uma série de comentários bifóbicos ao longo da temporada. Tina, que antes de conhecer Bette tinha-se relacionado exclusivamente com homens, passou a ser lésbica quando começou a sua relação com Bette (o que poderia acontecer caso não soubesse que era lésbica antes e se relacionasse com homens apenas por pressão social), tendo voltado a relacionar-se com homens quando a relação das duas terminou mas identificando-se, ainda assim, enquanto lésbica (isto é que eu já não percebi...). A bissexualidade foi adjectivada várias vezes ao longo da série como algo "confuso", "inexistente" e até "nojento", inclusive pela própria Alice.  

A representação transexual também deixou muito a desejar. Max, homem trans, antes da transição era um homem hetero (ou uma mulher lésbica?), depois da transição passa a ser um homem gay, para mostrar o que ele gostava era mesmo de pessoas do mesmo sexo, tendo generalizado tal conclusão a que ele chegou a todos os transexuais. Ao longo da sua presença na série também foi apelidado de confuso/confusa. A Alice, numa das suas buscas por um homem, depara-se com uma pessoa que disse ser uma mulher trans lésbica e continua a tratá-la como se fosse um homem, tendo inclusive pressionado para que deixassem o dildo de lado uma vez que ela tinha a "the real thing", algo a que a personagem trans se tinha recusado mas ainda assim Alice achou-se no direito de não atender à vontade manifestada. Abuso sexual? A personagem que se identificava enquanto trans foi uma completa caricatura para efeitos humorísticos, não lhe tendo sido dada qualquer credibilidade.

É uma questão para aqueles debates em que se discute: o que é pior, não haver representação de todo ou haver má representação? 

A qualidade da série foi realmente diminuindo ao longo das temporadas, mas feitas as contas, o balanço acaba por ser positivo, dada a visibilidade que alcançou e todas as barreiras que foi quebrando e também é um bom entretenimento. Tendo em conta a época, toda a representação foi pioneira e possibilitou a que, pelo menos, conhecêssemos a existência de pessoas LGBT e a que pudéssemos começar a refletir sobre estas questões.

Espero que no revival corrijam as más representações da primeira série, que não seriam admissíveis na atualidade, tendo em conta a maior informação e consciência que, felizmente, fomos desenvolvendo.



Para quem viu, que acharam da série? Concordam ou discordam do que escrevi? 
Que acham do regresso de The L Word e que esperam deste revival? 🙂





Sem comentários:

Enviar um comentário