10/13/2018

Pricefield: Max Caulfield e Chloe Price (Life is Strange)


Life Is Strange é um jogo de aventura e mistério, dividido em 5 episódios, desenvolvido pelo estúdio francês Dontnod Entertainment e publicado pela Square Enix. 

Foi lançado em 2015, nas plataformas Linux, Windows, OS X, PlayStation 3 e 4, Xbox 36, Xbox One. Em finais de 2017/inícios de 2018, foi também lançado para IOS e Android.


Trailer


Por explorar temas como bullying, depressão, suicídio, assédio e amizade em um ambiente escolar, "Life Is Strange" ganhou inúmeros prémios, como o BAFTA por Melhor História, o Peabody Award, o Golden Joystick pela melhor Performance do ano e o Games for Impact Award.

Chloe (esquerda) e Max (direita)

O jogo passa-se na cidade fictícia de Arcadia Bay. A história do jogo é mostrada na primeira pessoa, do ponto de vista da personagem Max Caulfield, que é controlada pelo jogador. Max, uma estudante de fotografia, descobre que consegue voltar atrás no tempo no momento em que sua melhor amiga de infância, Chloe Price, com quem não fala há 5 anos, leva um tiro. Sem saber dos perigos que rondam a cidade de Arcadia Bay e na Academia Blackwell, as duas logo passam a investigar o misterioso desaparecimento da colega de escola, Rachel Amber.

Apenas a personagem da Max é jogável. As escolhas do jogador vão ajustando a narrativa. Max e Chloe aparecem neste blog enquanto casal, mas não o serão necessariamente. Life is Strange é um jogo maravilhoso, essencialmente sobre amizade, mas tudo depende do ponto de vista e das escolhas do jogador. 


Numa das várias narrativas possíveis, Max e Chloe são claramente mais do que amigas, mas também há a opção do jogador escolher Warren Graham como interesse romântico (outra personagem do jogo pela qual eu não optei... e que claramente está destinada a uma personagem chamada Brooke Scott... It's Pricefield all the way (!)... mas enfim, cada um faz as suas escolhas 😅) ou não optar por não haver romance nenhum no jogo. Portanto, em termos de orientação sexual, Max é o que o jogador quer que seja. Em termos de jogo sobre amizade vs. jogo sobre um casal de mulheres, também é o jogador que escolhe. (Se bem que o jogo foi levemente inspirado no Romance Gráfico "O azul é uma cor quente", so... 😅) Quanto a Chloe, qualquer pessoa que queira perceber, percebe que ela claramente gosta de mulheres (agora se é lésbica, bi, pan, whatever já não se sabe) e que rolou alguma coisa coisa entre Chloe e Rachel (ou que pelo menos a Chloe queria que rolasse 😅). Fizeram uma prequela sobre o passado de Chloe e Rachel (Life is Strange Before the Storm), em que Chloe é a personagem jogável e também é o jogador que decide se ocorreu algum romance entre as duas ou não. 



Life is Strange é um jogo triste, mas muito bonito (nunca pensei que pudessem existir jogos que fizessem chorar 😅),  e termina num grande dilema que o jogador terá de decidir... Before the Storm também é triste... também existe uma decisão final, mas as consequências não diferem tanto como na escolha final do primeiro jogo (e não foi tão bom quanto o primeiro mas gostei na mesma), e existe ainda um episódio bónus intitulado de "Farewell" que nos mostra Chloe e Max antes de Max ter ido para Steattle. Muito foto, mas final muito triste. De referir também que todos os episódios de todo o universo de Life is Strange têm uma banda sonoro maravilhosa! Adoro o jogo, adoro a banda sonora e recomendo tudo! 😁 Viciei completamente neste jogo a primeira vez que joguei, tendo jogado os 5 episódios seguidos... (parei para as necessidades básicas, vá, nomeadamente comer 🤪)   

Foi ainda lançado o "Life is Strange 2" e existe o jogo que serviu de demo para este, com o título de "The Awesome Adventures of Captain Spirit", passados no mesmo universo, mas com outras personagens.

O site "Eurogamer" divulgou que será lançada uma série de banda desenhada de 4 volumes, pela Titan Comics, intitulada de "Life is Strange: Dust", que continua os acontecimentos do primeiro jogo de Life is Strange, seguindo um dos dois finais possíveis (ao que tudo indica "bae over bay" 😅). O lançamento está previsto para novembro de 2018, nos EUA. 



Será também lançada uma série de tv, produzida pela Legendary Digital Studios, mas ainda não existe (que eu tenha encontrado,pelo menos) mais informações sobre a mesma.

Alguem por aqui que seja fã ou tenha ficado interessada em jogar? Para quem jogou, que final escolheram? 


PS: Se quiserem adicionar-me na STEAM mandem mensagem. 😁 O meu jogo ainda não está completo na steam porque não gosto de comprar coisas sem saber se vou gostar delas, logo da primeira vez que joguei não tinha o jogo original...

PPS: Mas já comprei... 🙄 só que ainda não tive tempo de voltar a jogar todo 😥. Quem quiser comprar, pode fazê-lo AQUI. O 1º episódio, atualmente, é gratuito, logo podem ver primeiro se gostam. 😊

PPPS: Está bem assim ou devia ser antes PSS e PSSS? 🤔🤷‍♀️

PPPPS: para ouvirem a banda sonora é só clicar na imagem abaixo. 🎧




O Azul é uma Cor Quente (Romance Gráfico)

Le Bleu Est Une Couleur Chaude (2010) | O Azul é uma Cor Quente (2016) | Julie Maroh

 



Sinopse: "O livro conta-nos a história de Clementine, uma adolescente de 15 anos que um dia se cruza na rua com um par de raparigas. Uma delas tem o cabelo pintado de azul e sorri-lhe. A partir desse preciso momento, tudo muda na vida de Clementine: a sua relação com os amigos na escola, a sua relação com a família, as suas prioridades... e sobretudo a sua sexualidade".


Esta graphic novel encontra-se editada em 15 línguas, incluindo inglês, espanhol, alemão, italiano e holandês. Foi livremente adaptada no filme "La Vie d'Adèle", servindo, também, de (leve) inspiração ao jogo "Life is Strange".

Pode ser adquirida AQUI.




La vie d'Adèle

La vie d'Adèle | A Vida de Adèle | Abdellatif Kechiche | 2013 | França | IMDB | Minha Nota: 9/10




Sinopse: "Adèle tem 15 anos e, tal como todas as raparigas que conhece, namora com rapazes. Tudo aquilo em que acredita se altera quando o seu olhar se cruza com o de Emma, uma rapariga de cabelo azul, cuja visão da vida e do mundo é muito diferente da sua. Entre elas nasce um amor e desejo profundo que, apesar das dificuldades, as fará crescer e afirmar-se enquanto mulheres.



A vida de Adèle" é a adaptação cinematográfica do premiado Romance Gráfico "Le Bleu est une couleur chaude", de Julie Maroh (livremente feita, com muitas diferenças). O filme venceu a Palma de Ouro da 66.ª edição do Festival de Cannes, com a homenagem inédita, não apenas ao trabalho do realizador, mas também ao de Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos, as duas actrizes protagonistas.


Lembro-me da altura em que este filme foi anunciado. Não se falava de outra coisa, teve muito marketing à volta, proibições em alguns países e o alarido à volta da famosa cena sexual de 7 minutos. Lembro-me de ter elevadas expetativas para este filme.

Quando estreou, fui vê-lo ao cinema. Não valeu todo o alarido à volta do mesmo, mas gostei. Gostei muito. Mas gostei muito pela representação que faz de Adèle, muito poética e crua. O casal em si pareceu-me desapegado, a famosa cena demasiado mecânica e pouco realista. A relação delas era conturbada e nunca encaixaram bem na vida uma da outra. Mas, ainda assim, o filme é de uma beleza inegável. A simplicidade e crueza com que nos apresenta a protagonista (que transpira beleza até nas cenas de cabelo oleoso e em que está a chorar baba e ranho, ou simplesmente a comer), com que nos mostra a sua auto-descoberta à medida que vai passando da adolescência para a idade adulta, o realismo com que nos apresenta o seu quotidiano, tal como a grande química entre as duas atrizes, fazem deste um filme único. Ao longo do filme, nota-se bem o porquê de o realizador ter escolhido o nome de "La vie d'Adèle" para título do filme em vez do original "Le Bleu est une couleur chaude", dando o nome da atriz protagonista à personagem principal, assumindo estar perante uma verdadeira musa inspiradora.


Referi que o casal me parecia desapegado e depois disse que as atrizes tinham uma grande química... em que é que ficamos? 😅 Ora bem... química tinham, e muita, mas emocionalmente falando pareceu-me faltar qualquer coisa, e esse desapego, que me pareceu ter mais a ver com as muitas diferenças entre as duas e na forma como cada uma via e vivia a vida, vai-se revelando cada vez mais ao longo do filme.

Devo dizer, ainda, que, para além das cenas sexuais apelarem mais ao público masculino, o filme também cai no cliché da "lésbica que trai a namorada com um homem". No entanto, creio que neste caso, o sexo do "objeto" da traição seja irrelevante, uma vez que dá para perceber que se deveu à solidão e à falta de atenção sentida por Adèle, à distância entre as duas e às inseguranças de Adèle em relação a Emma e Lise.. Emma também aparentou ficar mais irritada pelo facto de se tratar de um homem do que pela a traição em si... Claro que isto não justifica uma traição (que deve ser vista em igual medida quer seja com um homem ou com uma mulher...), mas explica a atuação de Adèle e retira as suas atuações de um mero capricho, como muitos filmes retratam (vide "The kids are all right"). Para além disto, pareceu-me que o filme dá indícios de que Emma também andava a trair a Adèle com a Lise, o que seria, no mínimo, hipocrisia por parte de Emma, e transmite a ideia de que trair com um homem é mau, com uma mulher nem por isso, ou menos mal... (ideia incorreta, a meu ver).




Poderão surgir dúvidas, também, quanto à orientação sexual de Adèle, não que seja relevante, mas a título de mera curiosidade... a sua reação à sua relação com Thomas indicou que Adèle não se sentia atraída por homens, no entanto acaba a trair a namorada com um. Pareceu-me que foi por mera carência e entrega a alguém que mostrava gostar dela, já que não se sentia valorizada por Emma. Basicamente a "falta de carinho" e a solidão que sentia fez com que se deixasse levar pela primeira pessoa que lhe deu atenção. Diria, portanto, que Adèle é lésbica, mas que nunca se sentiu plenamente à vontade com a sua sexualidade, parecendo querer guardar a sua relação apenas para si, num mundo à parte. De notar a diferença do à vontade com que protestou por uma melhor educação e a reserva e desconforto com que se apresentou nos protestos pelos direitos LGBT.



Gostaria mais se tivesse seguido o enredo da banda desenhada. Se bem que teríamos uma história mais trágica do que a que nos foi apresentada, ainda que o final deste filme também não tenha sido propriamente feliz.

De referir, também, toda a polémica que houve em relação ao descontentamento das atrizes perante as exigências do realizador em relação à longa cena sexual e a cena da estalada que tiveram de ser "repetidas incessantemente", levando as atrizes à exaustão.  

Qualquer coisa que não concordem, sintam-se à vontade para deixar a vossa opinião nos comentários. 😊